1 de maio de 2006
BRIGANDO COM O ESPELHO


Me cansei das minhas mentiras... Daquelas que conto pra mim mesma e ingênua acho que me engano! Queria de despir das vestes que me escondem e mostrar para mim mesma aquilo que reluto em aceitar. Eu quero me dizer um “basta” bastante enérgico e me encostar na parede pra ver qual é a minha! Eu quero mesmo, e juro que ainda me pego pelo braço e me dou uns cascudos. Agora, onde já se viu uma coisa dessas, parece até que sei lá, que coisa... Eu estou realmente perdendo a paciência comigo. Nem adianta me desculpar comigo, porque eu já conheço todas as minhas desculpas, sei de cor... E são todas esfarrapadas. E de tão pobres de conteúdo, esses meus argumentos andam mesmo muito mal trapilhos... Ruim das pernas de verdade! Se eu pudesse sair daqui e ir pessoalmente me dar umas porradas eu iria, porque sei que ficar aqui reclamando não vai resolver nada... E é disso que eu preciso: resolver as coisas. Mas ta difícil e eu estou ficando cansada de mim. A vontade que eu tenho é de me dar um sonoro “tchau” e sair da minha vida de uma vez por todas, mas não consigo! Que bosta, não consigo! Parece que me fiz um chá de calcinha [ou de cueca?], grudei em mim e não consigo ir embora... O que eu não consigo me explicar é que um tchau não é um adeus, e que um basta não é um fim. E que um cansei não quer dizer que morri. Aí eu não sei se a dificuldade é entender o que eu falo ou o que eu quero dizer. Porque se for difícil entender o que eu quero dizer, a culpa é minha e o problema é meu por não saber me explicar de maneira compreensível e no mínimo “inteligível”, mas se o problema for entender o que eu falo, a culpa não é minha, a culpa são dos portugueses que vieram colonizar o Brasil e fizeram essa mistureba de línguas que resultou no nosso arcaico e constantemente sofrido português. Desse jeito, começo a pensar que terei que me explicar por língua de sinais... Aí literalmente me mandarei falar “com a minha mão”, quem sabe com meia dúzia de sinais feios eu consiga me entender? Será que me dando uns tapas, derrepente rola um carinho assim, meio sei lá, um jeitinho de pegar no tranco e suspirar fundo, e pá aí explicando baixinho no pé da orelha fazendo um bafinho quente arrepiar a nuca e assim, sabe, explicando devagar talvez eu consiga entender, assim, quase como um pretexto, sabe? Aí assim, eu ficaria sem graça de brigar comigo, até porque eu estaria pensando em outra forma de atrito, aí sim eu ficaria mais calma, porque ando mesmo muito estressada. Mas não fique aí pensando que eu sou uma devassa porque não sou! O que eu não consigo administrar é esse ódio amoroso que sinto por mim... Porque eu sei que me amo, mas quase sempre me odeio. E aí em certas horas eu não sei se me beijo ou se me mato. Isso porque eu ando mesmo muito cansada de mim e das besteiras que eu ando fazendo. Porque eu não me cato logo num cato, me mordo, me amasso, me aperto, me deixo assim, sem ação? Porque não faço que eu espero que eu faça e ao invés disso fico nessa de “pô, sei lá?”. Cansei de mim e dessas minhas besteiras... Agora vai ser assim, sem teorias e nem meios termos, só praticidade...
Mas deixa pra lá, não vou dizer mais nada...
Nem basta
E nem tchau
Nem tão pouco direi que cansei...
Porque a verdade é que eu não cansei... Eu quero é mais!






“Porque se estou em você e você está em mim, não somos dois em um
Somos um em dois!
Porque se estou em você e se você está em mim,
Somos um só ser!”

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