17 de fevereiro de 2006
INTELIGÊNCIA RACIONAL X IMPULSO INTUITIVO



E eis que o meu Teste Vocacional, me disse mais uma vez que eu estou no caminho errado! Ele me chamou num cantinho e pediu minha Consciência emprestada um minutinho! Preocupada, quis saber o motivo – vê lá se eu vou deixar minha Consciência andando sozinha por aí com tanta loucura, tanta desgraça e violência intelectual rondando as mentes hoje em dia!
Mas o Teste Vocacional, me pareceu ser um rapaz muito respeitador, honesto, de boa formação e me garantiu que queria apenas conversar com a minha Consciência! Relaxei um pouco e resolvi permitir! Não ia adiantar proibir mesmo, quanto mais se proíbe mais nos desobedecem!
É ou não é? E lá se foi minha Consciência trocar uma idéia com o Teste Vocacional!


Quando ela voltou, veio cheia de novidades, dizendo o que eu deveria ou não fazer, contando tudo o que ele tinha falado para ela e eu fiquei preocupada!
Chamei a Razão e a Racionalidade para baterem um papinho com ela e pedi encarecidamente que desfizessem o estrago que o Teste Vocacional fez na pobre da minha Consciência! Coitadinha, tão ingênua – deixa se levar facilmente no papo manjado de um testezinho qualquer! Mas a Consciência, teimosa que é, pediu auxílio do meu Impulso Intuitivo, das minhas Preferências e até daquela pirralha da minha Vocação.

Desde então, eu virei uma torre de babel – cada um fala uma língua e ninguém se entende!
Para pôr fim nessa desordem, convoquei as partes interessadas para um tribunal onde pudesse ouvir a versão de cada um!
A minha Racionalidade, alega que eu não posso dar crédito a um Teste Vocacional que tem como único objetivo me desviar de meu caminho, me desestabilizar profissionalmente e o que é pior, emocionalmente!!!
O Teste Vocacional, afirma a todo o momento sua veracidade dos fatos e nega que tenha agido de má fé tentando influenciar negativamente minha consciência!
Ele me acusa através de avaliações, exames e documentos que assinei de estar no caminho errado!


-Meritíssima, o que eu estou querendo provar, é que o acusado não tem o livre arbítrio de invadir assim a vida da minha cliente, e se usar de sua persuasão para influenciar as escolhas e as decisões que minha cliente faria se estivesse em sã consciência!
-Protesto Meritíssima! A acusação se utiliza de difamação contra meu cliente!
-Meritíssima, convenhamos, não se pode desestabilizar uma vida inteira e colocar uma carreira em risco por conta das influências de um teste vocacional qualquer!
-Protesto! Meu cliente é um profissional do mais alto nível, certificado por várias instituições, graduado em várias faculdades e não pode ser tratado como um qualquer!
-O acusado se baseia de informações vagas, não é coerente no que afirma e não oferece uma base sólida para certificação de legitimidade!
-Protesto! Tenho aqui comigo fatos e estatísticas que podem comprovar a seriedade do trabalho do meu cliente!
-Provas? Que provas? Não seriam “testes”?
Meritíssima, existem milhões de testes como este espalhado por aí! Em revistas de fofocas, em jornais de concursos, na Internet... Não é difícil encontrá-los! O difícil é comprovar sua eficácia, sua veracidade! Até quando seremos enganados por esses falsos picaretas, corruptos da informação, influenciadores sem solidificação...
-Protesto meritíssima, meu cliente esta sendo ofendido.
..


“ O R D E M - N O - T R I B U N A L ! ! ! ”


Sucessivas discussões acarretaram no encerramento da seção, que foi adiada para um outro dia em que acusação e defesa possam interagir civilizadamente! Mas o fato é que... Racionalmente, estudei e tenho estudado seguindo uma direção em meu caminho! Depois de formada Técnica em Edificações, adquiri certa experiência na área, onde trabalho até hoje! Atualmente, me preparo para prestar vestibular para arquitetura ou engenharia, uma vez que já conheço o terreno em que estou pisando! É correto afirmar, que este não seria o caminho que me daria maior prazer em trilhar, mas também posso dizer que numa relação dessas, não é necessário morrer de amores...[será?] Sendo o mais racional possível, eu acredito que conquistar uma estabilidade financeira num terreno onde eu já sei como e onde pisar, seria mais fácil do que me aventurar num terreno minado, onde eu não sei onde pode explodir! E se explodir, já era! [ou não] Melhor ter prazer no trabalho e se fuder* no financeiro ou se abster de um prazer e não de fuder* financeiramente? [*desculpe o palavrão, foi necessário para compreensão da idéia] O Teste Vocacional, vem me dizer algo que eu já estou careca de saber! Ele vem me aconselhar a abandonar as ciências exatas e partir para as humanas! Descartando qualquer tipo de escolha minha, ele vem me dizer e tentar me influenciar a optar por Jornalismo, Comunicação, Psicologia, Letras... Todas essas opções me agradam bastante, mas não pagam minhas contas! Entendem meu dilema? Afinal de contas: a gente faz o que gosta ou o que precisa? Se o que a gente faz, não é necessariamente o que se gostaria de fazer, mas que por outro lado, estabiliza suas finanças, possibilitando a realização de alguns sonhos e satisfação profissional, isso não compensa o fato de ter seguido um caminho oposto ao do seu impulso intuitivo? Mas e se o que gostamos de fazer, não nos proporcionar possibilidades de alcançar nossas ambições mais simples e suprir nossas necessidades mais básicas, será que terá valido a pena optar por uma intuição, por puro prazer e nenhuma consciência? A Juíza ordenou aos processantes que não deixem seu país sem autorização da justiça, permaneçam em juízo e não deixem de comparecer na próxima seção para ouvirem o veredicto! Até segunda ordem o tribunal está suspenso por tempo indeterminado!!!









Ficaram Curiosos?
Vejam [e façam] os testes:
Teste 01
Teste 02

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